O Engajamento da Segunda e a Consistência da Liderança
- Fernanda Monteforte
- 28 de mar.
- 3 min de leitura
Sexta-feira, 6h30 da manhã. Enquanto caminho até a academia, já estou pensando: "Vai estar lotada." Segunda-feira foi um saco. Entrei antes das seis e, mesmo assim, precisei escolher bem os aparelhos porque não gosto muito de revezamento. E pra completar, a academia estava cheia. Mas cheia como? De onde surgiu esse povo todo motivado antes do sol nascer? Algum carregamento de disposição passou por aqui no domingo à noite e eu não fiquei sabendo? Enquanto eu, claramente ranzinza, só queria fazer meus exercícios sem disputar espaço. Mas hoje, para minha surpresa, a academia estava tranquila.
Recentemente, precisei fazer um ajuste na minha rotina de treinos. Antes, eu treinava no horário do almoço, mas por questões profissionais, essa agenda teve que mudar. Agora, estou treinando bem cedo, logo pela manhã. No início, achei que essa mudança seria um grande desafio. Mas, à medida que a mudança foi se consolidando, percebi algo interessante: o impacto dessa flexibilidade na minha energia e na minha disposição ao longo do dia. Mais do que simplesmente um novo horário, esse movimento me trouxe um insight valioso sobre consistência.
E aí vem a diferença entre quem começa na empolgação e quem se mantém. Na segunda-feira, a academia estava cheia. Mas e hoje? Onde foram parar aqueles que iniciaram a semana motivados? O que distingue quem segue firme, treinando de segunda à sexta e, talvez, até aos sábados e domingos? A resposta não está na intensidade do primeiro dia, mas naquilo que sustenta a continuidade. São aqueles que não precisam de um recomeço semanal para seguir em frente.
A verdade é que, no passado, tentei várias vezes me motivar a treinar pelo apelo estético. E não funcionava. Eu não ia. Demorou um tempo até eu compreender o que realmente me faz mover: vitalidade e energia. Quero ter uma vida longa porque sou entusiasmada com meus projetos e sonhos. E quando percebi que o treino era um meio para isso – e não um fim em si mesmo – tudo mudou. A consistência se tornou natural, porque agora ela está ancorada nos meus valores.
Isso me fez pensar sobre como, no ambiente corporativo, as pessoas também buscam motivações externas para se engajar. As segundas-feiras, por exemplo, trazem um senso de recomeço, um marco temporal que sinaliza a chance de reorganizar prioridades e estabelecer novos hábitos. Esse efeito psicológico não é trivial—ele pode gerar impulsos valiosos de energia e compromisso.
No entanto, há uma armadilha nesse processo. Se o engajamento de uma equipe depende exclusivamente desses marcos temporais—como uma segunda-feira, o início de um trimestre, uma palestra motivacional ou uma meta pontual—ele se torna passageiro. O problema não está no uso desses momentos como gatilhos e estímulos, mas na ilusão de que eles, sozinhos, sustentam a motivação no longo prazo. Assim como o entusiasmo de um Ano Novo pode se esvaziar antes do final de janeiro, o impulso da segunda-feira pode se dissipar antes da quarta-feira.
A verdadeira consistência vem da motivação intrínseca. Quando a equipe tem clareza de seus objetivos e dos valores que os sustentam, manter o ritmo deixa de ser um esforço intermitente e passa a ser um fluxo contínuo. Mas para que isso aconteça, o líder precisa ir além de ciclos de renovação superficiais e criar espaços de autoconsciência. Ele deve ajudar cada um a identificar o que realmente o move, conectando o trabalho a algo mais profundo do que um calendário. É essa conexão interna que fortalece a autonomia, a responsabilidade e, consequentemente, o engajamento duradouro.
Agora, fica o convite para reflexão: você, como líder, tem clareza sobre o que faz você se movimentar? O que te motiva a continuar, mesmo quando a energia da segunda-feira já ficou para trás? Se você ainda não parou para pensar nisso, talvez esse seja o primeiro passo. Porque um líder que compreende seus próprios valores e objetivos terá muito mais força para inspirar e desenvolver sua equipe de forma sustentável.
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